quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Plano de Atividades 2012/2013


DATA
ATIVIDADE
LOCAL
16 Setembro 2012
Conselho Diocesano
Seminário de Leiria
10/11 Novembro 2012
Seminário Nacional
Albergaria-a-Velha
25 Novembro 2012
Tarde de Reflexão
Seminário de Leiria
15 Dezembro 2012
Encontro Inter-Diocesano de Jovens
(Santarém)
22 D. inir Natal de Animadoresezembro 2012
Encontro Diocesano de Crianças
Ceia de Natal
Barreira
12/13 Janeiro 2013
Curso Nacional de Animadores
Albergaria-a-Velha
26 Janeiro 2013
Encontro Inter-Diocesano
Fátima
2 Fevereiro 2013
Conselho Permanente
Viseu
16/17 Fevereiro 2013
Retiro Inter-Diocesano
Fátima
22 a 24 Fevereiro 2013
Retiro Nacional
Mira
10 Março 2013
Tarde de Reflexão
Seminário de Leiria
23/24 Março 2013
Curso Inter-Diocesano de Jovens
(Portalegre)
13 Abril 2013
Retiro Inter-Diocesano de Jovens
Seminário de Leiria
18 Maio 2013
Encontro Diocesano de Crianças
Freixianda
31 Maio, 1/2 Junho 2013
Festa da Fé
Leiria
16 Junho 2013
Encontro para os participantes à
Assembleia Nacional de Delegados
Seminário de Leiria
13/14 Julho 2013
Jornadas
(Assembleia de Delegados, Encontro Nacional da ACR,
50 anos do Mundo Rural)
Braga
28/29 Setembro 2013
Conselho Nacional
Fátima
5 Outubro 2013
Conselho Diocesano
Seminário de Leiria

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

"O Tesouro da Fé, Dom para Todos" (Nota Pastoral de D. António Marto)

O Santo Padre Bento XVI proclamou um “Ano da Fé” para toda a Igreja, precisamente na altura em que nós completamos o percurso do Projeto Pastoral traçado pelo Sínodo Diocesano para um período de seis anos, a que acrescentámos mais um. Assim, para o ano de 2012/2013 decidimos acolher, com grande alegria e plena disponibilidade, a proposta do Santo Padre. Nesta Nota Pastoral apresento à Diocese o horizonte e as linhas de ação para o ano que agora iniciamos.
 
 
1. O anúncio do Ano da Fé
Eis os termos em que o Ano da Fé foi anunciado pela primeira vez, pelo Papa, no dia 16 de outubro de 2011: “Precisamente para dar renovado impulso à missão de toda a Igreja de conduzir os homens fora do deserto, em que muitas vezes se encontram, para o lugar da vida, para a amizade com Cristo que dá a vida em plenitude, desejo anunciar nesta celebração eucarística que decidi proclamar um Ano da Fé. Este Ano da Fé começará em 11 de outubro de 2012, no 50.º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, e terminará em 24 de novembro de 2013, solenidade de Cristo Rei. Será um momento de graça e de empenho para uma mais plena conversão a Deus, para reforçar a nossa fé n’Ele e para anunciá-Lo com alegria ao homem do nosso tempo”.
No mesmo dia, na oração do Angelus, o Papa especifica este primeiro anúncio: “Considero que, meio século após a abertura do Concílio ligado à feliz memória do Beato Papa João XXIII, seja oportuno chamar à beleza e à centralidade da fé, à exigência de reforçá-la e aprofundá-la a nível pessoal e comunitário, e fazê-lo numa perspetiva não tanto celebrativa, mas antes missionária, na perspetiva precisamente da missão ad gentes e da nova evangelização”. 
 
2. A renovação da fé, prioridade no empenho de toda a Igreja
O Ano da Fé foi, pois, convocado por Bento XVI para celebrar o quinquagésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II e o vigésimo da promulgação do Catecismo da Igreja Católica. Porém, a intenção do Papa não é limitar-se a uma simples comemoração histórica através de sessões académicas ou eventos mediáticos bem organizados. O objetivo é que esta comemoração seja vivida como uma grande renovação do ato de fé da Igreja no seu conjunto, de cada um dos seus membros e de cada comunidade cristã. Está bem presente a intenção explícita de chamar à centralidade e à beleza da fé em perspetiva missionária, isto é, no desejo de propô-la a todos como fonte de vida boa, verdadeira, bela, plena, feliz.
Com esta iniciativa, o Santo Padre procura responder a uma profunda crise de fé que atravessa o mundo e atingiu muitas pessoas e a própria Igreja. Neste sentido, numa alocução à Congregação da Doutrina da Fé, Bento XVI vê no Ano da Fé “um momento propício para voltar a propor a todos o dom da fé em Cristo ressuscitado, o luminoso ensinamento do Concílio Vaticano II e a preciosa síntese oferecida pelo Catecismo da Igreja Católica”. E justifica: “Como sabemos, em vastas zonas da terra, a fé corre o risco de apagar-se como uma chama que não encontra mais alimento. Estamos diante de uma profunda crise de fé, de uma perda de sentido religioso que constitui o maior desafio para a Igreja de hoje. A renovação da fé deve ser, pois, a prioridade no empenho de toda a Igreja nos nossos dias. Desejo que o Ano da Fé possa contribuir, com a colaboração de todas as componentes do Povo de Deus, para tornar Deus de novo presente neste mundo e abrir aos homens o acesso à fé, para confiar-se àquele Deus que nos amou até ao extremo (cf. Jo 13, 1) em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado”.
Este Ano insere-se, ainda, num contexto mais amplo de uma crise generalizada que investe também a fé. As gigantescas transformações culturais e sociais do nosso tempo têm consequências visíveis também na dimensão religiosa. O Ocidente esquece ou rejeita o património espiritual e moral das suas raízes cristãs. Muitos batizados perderam a sua identidade e pertença cristã e eclesial. Assistimos à erosão da memória da fé. “Os elementos fundamentais da fé, que antes qualquer criança sabia, são cada vez menos conhecidos. Para poder viver e amar a nossa fé, para poder amar a Deus e chegar, portanto, a ser capazes de escutá-Lo de modo justo, devemos saber o que Deus nos disse; a nossa razão e o nosso coração hão de ser interpelados pela sua Palavra” (Bento XVI). 
Acresce que em certos ambientes existe uma hostilidade subtil em relação ao cristianismo como sendo uma subcultura ultrapassada, ou em relação aos cristãos como cidadãos de segunda série, submetidos ao desprezo ou ao ridículo – a chamada cristianofobia. É o martírio quotidiano, segundo a expressão  de Kierkegaard: “Se hoje Cristo tivesse que voltar, não o poriam na cruz, mas pô-lo-iam a ridículo”!
Muitas comunidades cristãs ainda não se aperceberam plenamente do alcance e da dimensão da crise, gerados por este clima cultural dentro e fora da Igreja. Bento XVI identificou na crise da fé o desafio epocal que a Igreja deve enfrentar. O problema da renovação da Igreja não está tanto no défice organizativo, mas no défice de fé.
Todo o Povo de Deus é chamado a fazer face ao desafio do futuro da fé reencontrando um novo impulso e uma nova vitalidade. Neste sentido, o Papa Bento XVI escreveu uma Carta Apostólica intitulada “Porta da Fé”, que é uma meditação profunda e bela sobre o que é necessário para viver com coerência o Ano da Fé. Aí nos diz que, na presente situação cultural, a fé não pode ser dada como um pressuposto adquirido. Afirma “a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo” (n. 2). Mais à frente, o Papa lança o desafio: “É necessário um empenho eclesial mais convicto a favor de uma nova evangelização para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé...  A fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria” (n. 7).
3. O Tesouro da Fé, Dom para Todos
Evocando uma bela imagem dos Atos dos Apóstolos (cf. 14, 27), o Papa começa assim a sua Carta Apostólica: “A porta da fé, que introduz na comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira” (n. 1).
 
3.1. A fé vivida como experiência de um amor recebido
A fé – participação na própria vida de Deus que é Amor – não é uma experiência inacessível, nem muito menos supérflua de tal modo que sem ela tudo fique na mesma. Verdadeiramente, com Deus ou sem Deus tudo muda na vida. Acolher o dom de Deus não só é possível, mas é também realizador e belo para cada pessoa.
A fé é possível porque Aquele que nos fez para Ele, criando-nos livres e chamados a amar no mais profundo do nosso ser, veio ao nosso encontro na história da salvação, a ponto de não poupar o próprio Filho e oferecê-Lo por todos nós. É este dom inesperado de Deus que abre à experiência vivificante de comunhão com Ele. Isto que parece impossível à pequenez e fraqueza humanas, torna-se possível graças ao dom de Deus. Este Amor é o seio em que a fé vem ao mundo: fá-la surgir e alimenta-a.
Redescobrir este dom, celebrar a sua beleza, abrir novamente de par em par as portas do próprio coração a Cristo, é querer ser verdadeiramente humanos, livres e realizados no cumprimento do projeto divino de salvação. Compreender cada vez mais e viver cada vez melhor esta graça é a primeira finalidade do Ano da Fé. Esta finalidade abrange todos os batizados e deseja despertar cada um do torpor em que tenha caído o seu amor a Deus, acendendo em todos o renovado desejo do seu Rosto e a experiência do encontro vivificante com Ele.
Com a referência explícita aos 50 anos da abertura do Concílio, Bento XVI quer fazer-nos compreender que esta foi também a primeira e verdadeira finalidade do Concílio para responder às grandes transformações do nosso tempo. De facto, o Concílio Vaticano II é para o Papa  “a grande graça de que a Igreja beneficiou no século XX” e “uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa” (n. 5). Foi e é, na verdade, um novo Pentecostes, uma primavera do Espírito:  uma reserva de luz, de graça, de beleza da fé e da vida eclesial, de que todos somos chamados a participar com nova consciência e novo impulso.  
Precisamente assim, o Ano da Fé responde a uma segunda finalidade: anunciar ao mundo, de modo renovado, a beleza de Deus, especialmente a quem não a conheça ou se sinta estranho à comunhão com Jesus e o seu Evangelho, vivido na Igreja.
 
3.2 A fé comunicada como experiência de graça, beleza e alegria
Bento XVI, ao relançar o empenho da nova evangelização, não hesitou em falar de uma crise disseminada, que pesca no mar da pretensão moderna da autossuficiência sem Deus, que confia exclusivamente nas forças humanas, ou no mar da desilusão, do desencanto e da desorientação gerados pelos falhanços históricos desta pretensão do progresso sem Deus. Trata-se do chamado “eclipse de Deus”, em que Ele é excluído do horizonte de muitas pessoas, marginalizado da cultura e da consciência pública. Assiste-se à perda do desejo e do gosto de Deus, que leva muitos, mesmo cristãos, a viverem “como se Deus não existisse”, como se fosse um Deus longínquo que não se interessa pelos homens, nem desperta nos homens qualquer interesse por Ele.
É esta “noite do mundo” que o Papa adverte como dor e desafio atual e decisivo. E o seu amor aos homens leva-o a relançar-lhes a proposta da Boa Nova, a pedir a toda a Igreja o sobressalto de uma nova evangelização, em cuja base está este “amor ferido”, este desejo vivo e angustiado de irradiar sobre todos a bondade, a verdade e a beleza de Deus. Isto só acontecerá se os crentes se abrirem mais intensamente ao dom de um coração novo, capaz de cantar o cântico da vida nova que vence a morte. O Ano da Fé pede pois aos batizados para se tornarem novos, para dizerem a todos a novidade da beleza de Deus e atrair os corações à meta do seu desejo mais verdadeiro e profundo: ver o Seu Rosto Santo e Misericordioso!
Dar testemunho luminoso e credível da alegria que o encontro com Cristo comunica à vida é a consequência natural de uma fé viva, adorante e enamorada de Deus, como nos faz compreender a Primeira Carta de Pedro: “Adorai o Senhor, Cristo, nos vossos corações sempre prontos a responder, com doçura, respeito e retidão de consciência,  a quem vos pede razão da esperança que está em vós” (3, 15).
O grande teólogo alemão do século passado Karl Rahner dizia muito certeiramente: “À nossa Igreja sobram-lhe papéis e faltam-lhe testemunhas. A primeira coisa que nos falta para que surjam testemunhas é a experiência de Deus... Temos de reconhecer, sem dúvida, a pobreza de espiritualidade na Igreja atual. Sobram-nos palavras e falta-nos a Palavra”.
Por sua vez, Bento XVI adverte: “Num tempo em que Deus se tornou para muitos o grande Desconhecido e Jesus simplesmente uma grande personagem do passado, não haverá relançamento da ação missionária  sem a renovação da qualidade da nossa fé e da nossa oração; não estaremos em condições de oferecer respostas adequadas sem um novo acolhimento do dom da Graça; não saberemos conquistar os homens ao Evangelho se não voltarmos nós mesmos, em primeiro lugar, a uma profunda experiência de Deus... É sempre importante recordarmos que a primeira condição para falar de Deus é falar com Deus, tornar-se cada vez mais homens de Deus, alimentados por uma intensa vida de oração e plasmados pela sua graça”.
Celebrar a fé, redescobrir o seu encanto e a sua força, será inseparavelmente anunciá-la a cada homem, a todo o homem, para que o seu coração possa saborear no tempo algo da vida eterna revelada e dada em Cristo Jesus e a porta da fé se abra a quantos quiserem atravessá-la para o encontro com Ele. A fé é bela porque torna bela a vida e é fonte de autêntica alegria.
Se o mundo não crê, deve-se, em parte, ao facto de que o nosso testemunho não é tão forte, convicto e alegre como devia ser. Não basta uma repetição cansada de fórmulas e tradições do passado. É o estilo de vida que faz a diferença sobre o sentido da existência, o valor e o respeito da pessoa e da vida humana, o verdadeiro matrimónio entre um homem e uma mulher, a família, a busca da Verdade e o viver nela, o empenho na transformação do mundo, sobre a morte e a vida para além da morte... Como dizia o grande artista catalão e cristão, Gaudí: “A minha vida é a minha mensagem”.
Se hoje acreditamos, se hoje a gente das nossas terras ainda está aberta à fé, se numa sociedade secularizada não faltam sinais autênticos do Evangelho, devemo-lo a tantos homens e mulheres que nos ofereceram um testemunho autêntico e alegre de fé e amor, mesmo em tempos difíceis, a começar pelos nossos pais, familiares, catequistas, sacerdotes.
 
 
4. Novo impulso para um modo novo de ser cristão e de ser Igreja
O Ano da Fé é também uma bela ocasião para fazer uma revisão da vitalidade da fé das nossas comunidades e da receção do Concílio. De modo concreto e prático, queremos fazê-lo a partir do percurso pastoral nos anos após o Sínodo Diocesano. Para esse efeito, oferecemos uma grelha de leitura e discernimento.[1]
Neste exame de consciência pastoral, também nos podemos inspirar num notável discurso do Santo Padre à Cúria romana em que, a partir das Jornadas Mundiais da Juventude, nos oferece cinco linhas-guia para um modo novo e rejuvenescido de ser cristão e de ser Igreja no Ocidente onde se sente o cansaço da fé e o tédio de ser cristão. Ei-las:
-  a experiência da Igreja como fraternidade, em que a própria “liturgia comum constitui uma espécie de pátria do coração e nos une numa grande família”. Resulta de todos nos sentirmos tocados pelo mesmo Senhor. É uma experiência comum que gera alegria;
-   a beleza da generosidade de ser para os outros, dando-se aos outros benévola e gratuitamente: dando uma parte do seu tempo, do seu trabalho, da sua vida, de si mesmo. Dá uma consolação de felicidade. Fazer o bem é belo; ser para os outros é belo. “Há mais alegria no dar que em receber”: o voluntariado é um belo exemplo disso;
-   a adoração de Cristo Ressuscitado na Eucaristia como Deus no meio de nós, para nós e connosco, Deus íntimo a nós;
-   a celebração da misericórdia e do perdão que nos purifica e limpa do nosso egoísmo, que renova e reabre o nosso coração a Deus e aos irmãos, que desperta em nós o dinamismo da reconciliação e a força para resistir ao mal e vencê-lo;
-   a alegria que nos vem da fé, da certeza de sermos queridos, aceites e amados por Deus e de nos confiarmos ao seu amor. A fé faz-nos felizes por dentro, mesmo em tempos difíceis. É uma experiência maravilhosa.
 
 
5. Linhas de ação pastoral
Eis à nossa frente um ano para redescobrir, celebrar, viver e testemunhar o dom da fé e sentir, de modo novo, o impulso e a paixão para tornar os outros participantes deste dom, no respeito e amor por cada um. Neste sentido, com o contributo dos vários órgãos diocesanos de consulta, a quem agradeço, traçámos algumas linhas de ação pastoral.
Como tema geral, achámos pertinente sublinhar o dom divino e precioso da fé, a sua universalidade e atualidade: “O Tesouro da Fé, Dom para Todos”. De facto, a fé é definida como “dom muito mais precioso do que o ouro” (1 Pe 1, 7). E o Reino de Deus, acolhido na fé, é semelhante a um “tesouro” e a uma “pérola preciosa” (Mt 13, 44.46). A primeira pergunta que o cristão deverá colocar-se é se considera verdadeiramente um tesouro, se considera precioso o dom da fé, ou se não o sabe apreciar e o banaliza.
Como lema bíblico, escolhemos a frase de S. Paulo “Pela fé caminhamos...” (2 Cor 5, 7), a lembrar-nos que somos peregrinos na fé, chamados a caminhar com o olhar fixo em Cristo, “autor e consumador da nossa fé”: na sua companhia, na sua luz, na sua Palavra, na força do seu Espírito, a perseverar no meio das dificuldades, até à Plenitude da Vida na ressurreição.
Como símbolo, retomámos a imagem do Sínodo Diocesano: um povo de peregrinos, caminhando juntamente com todo o Povo de Deus, numa comunhão de solidariedade em que todos somos apoio uns dos outros e dando testemunho da fé para levar ao mundo a luz e a alegria de Cristo.
Como objetivos a alcançar, propusemo-nos os três seguintes: 1) Redescobrir a alegria de acreditar em Jesus Cristo; 2) Avivar o entusiasmo pelo testemunho e anúncio da fé; 3) Avaliar a vitalidade das comunidades cristãs à luz do percurso pastoral dos últimos anos.
A nível diocesano, destacamos três momentos significativos para celebrar o Ano da Fé: a abertura solene, no dia 14 de outubro de 2012, com a assembleia diocesana nos claustros da Sé e a celebração eucarística; a Festa da Fé, em edição renovada, na cidade de Leiria, nos dias 31 de maio, 1 e 2 de junho de 2013; e o encerramento festivo, a 24 de novembro de 2013, com a celebração da Eucaristia na Sé, na Solenidade de Cristo Rei.
Em ordem à realização de cada um dos objetivos indicados propomos, sumariamente, uma série de iniciativas, dinamismos e ações a implementar a nível diocesano, vicarial, paroquial ou comunitário pelos vários agentes da pastoral, comunidades, movimentos, grupos, associações, departamentos, apelando à criatividade pastoral e à comunhão de esforços entre todos.
5.1. Para redescobrir a alegria de acreditar em Jesus Cristo:
- o “Retiro para o Povo de Deus”, durante a Quaresma, na forma de lectio divina, sobre  temas e figuras exemplares de fé;
- proposta de retiros periódicos e específicos para avivar a fé, especialmente, na preparação dos crismandos;
- celebração comunitária da profissão de fé (o credo) do Povo de Deus, ao modo da antiga “traditio symboli” dos catecúmenos na Quaresma, com uma catequese própria elaborada pelo Bispo: “Creio, mas aumenta a minha fé”. Não basta recitar o credo; é preciso compreendê-lo em profundidade. Rezamos ou cantamos o credo porque é uma proclamação da fé em Deus-Amor, um ato de louvor, um reconhecimento de ação de graças;
- divulgação e estudo do Catecismo da Igreja Católica ou do Compêndio (resumo) do mesmo e do YouCat (Catecismo Jovem da Igreja Católica) nas escolas da fé ou em encontros de grupos, como subsídios preciosos para o conhecimento dos conteúdos da fé e para guiar ao encontro com Cristo;
- incentivar a participação na Escola Diocesana Razões da Esperança e nas propostas formativas do Centro de Formação e Cultura;
- conhecimento mais aprofundado do Concílio Vaticano II, em oito encontros, num curso oferecido no Centro de Formação e Cultura;
- especial cuidado na celebração e na formação litúrgicas. A Liturgia desde sempre celebrou, guardou e transmitiu a fé; é a ação mais eficaz da Igreja, o ato mais educativo da fé. Ela exprime e plasma a fé de cada um e da comunidade. Para uma boa experiência litúrgica, requere-se competência e atenção, dedicação de tempo e adequada disposição espiritual, amor apaixonado a Cristo e aos seus mistérios, dignidade e beleza para não cair na banalização.
- experimentar fazer a oração do Terço, sobretudo nos meses de outubro e maio, de modo renovado, com fervor, devoção e confiança, meditando no próprio coração as palavras que se rezam e os mistérios que se contemplam, na perspetiva do Ano da Fé: “A oração do Terço permite-nos fixar o nosso olhar e o nosso coração em Jesus, como sua Mãe, modelo insuperável da contemplação do Filho” (Bento XVI).
5.2. Para avivar o entusiasmo pelo testemunho e anúncio da fé:
- a “tenda da fé”: promover tertúlias ou serões de diálogo e partilha sobre a fé, em grupo. As pessoas têm necessidade de ocasiões e lugares onde possam falar, com à-vontade e liberdade, de modo coloquial, da sua nostalgia interior, das suas ânsias, experiências, dúvidas, dificuldades, interrogações e dramas, para que se faça a luz da fé;
- nesta sequência, sugere-se a leitura pessoal ou em grupo das “Confissões” de Santo Agostinho, porque aí está descrito um caminho de fé com todas as dificuldades, as suas crises e os seus entusiasmos. É um caminho sugestivo e interpelador para o homem contemporâneo;
- iniciativas de diálogo da fé com a cultura e o mundo fora do templo e dos círculos habituais. Se não dialogarmos com a sensibilidade dos homens e das mulheres de hoje, corremos o risco de ter um tesouro e não saber ou poder oferecê-lo. Nesta perspetiva, o Centro de Formação e Cultura e o Departamento Diocesano do Património Cultural propõem-se realizar duas iniciativas em tempo oportuno;
- “olhares sobre a fé a partir da arte” como  via catequética da beleza capaz de abrir a porta da fé. Nesta linha, o Departamento Diocesano do Património Cultural vai organizar alguns percursos ou roteiros por toda a Diocese;
- aproveitar o recurso dos cursos Alpha ou outras propostas existentes na Igreja para primeiro anúncio;
- valorizar a figura e a formação do catequista como testemunha enamorada de Jesus Cristo;
- dedicar especial atenção à transmissão de fé na família;
- valorizar as celebrações dos ritos de iniciação ou de passagem (ex. batismos, bênção das grávidas ou dos bebés, funerais ou memória dos defuntos), como ocasiões propícias para tocar o coração e a mente de pessoas porventura distantes da fé;
- promover o voluntariado missionário ou da caridade;
- a realização da “Festa da Fé” dentro da cidade dos homens: 31 de maio, 1 e 2 de junho de 2013.
5.3. Para avaliar a vitalidade da fé das comunidades cristãs à luz do percurso pastoral dos últimos anos:
- encontros vicariais para os principais agentes pastorais sobre o Concílio Vaticano II: “A graça e as graças do Concílio para a renovação da fé e da Igreja”, com a presença do Bispo diocesano;
- apresentação e reflexão sobre os dados do recenseamento da prática dominical na Diocese;
- avaliar a nível paroquial, vicarial e diocesano o impacto do Projeto Pastoral Diocesano para 2005-2012, segundo a grelha que se apresenta em anexo. Quais as principais iniciativas que surgiram como fruto da caminhada nestes anos?
Uma das propostas do Santo Padre para o Ano da Fé é fazer do Credo a oração diária, aprendida de memória, como era costume nos primeiros séculos do cristianismo, segundo o testemunho de Santo Agostinho: “Recebei a fórmula da fé que é chamada Símbolo. E quando a receberdes, imprimi-a no coração e repeti-a, cada dia, interiormente. Antes de adormecer, antes de sair, tende o Símbolo convosco. Ninguém escreve o Símbolo com a única finalidade de ser lido, mas para que seja meditado”. O Símbolo ou Credo dos Apóstolos será, pois, a oração que nos acompanhará neste ano pastoral.
 
6. Nossa Senhora acolhe-nos à porta da fé
A Virgem Maria, Mãe da Igreja, proclamada “feliz porque acreditou”, é o ícone, por excelência, da fé de todo o crente, onde se reflete a beleza e a alegria da fé. Ela acolhe-nos à porta da fé, introduzindo-nos na intimidade do mistério de Deus em Cristo, tal como fez com os Pastorinhos de Fátima. Também a nós, hoje, diz como a eles: “Não tenhas medo... O meu Imaculado Coração será o caminho que te conduzirá até Deus”, como reza o lema deste ano da comemoração do centenário das Aparições de Fátima. À sua materna intercessão confiamos o bom êxito do ano pastoral.
 
Leiria, 8 de setembro de 2012, Festa da Natividade de Nossa Senhora
† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima